ESG: como adotar práticas sustentáveis para um negócio competitivo e consciente
A sigla ESG vem do inglês “Environmental, Social and Governance”, que significa “ambiente, social e governança”. O termo representa um conjunto de ações sustentáveis e de responsabilidade social que o mercado pode adotar como modelo de negócio.
A Primeira Revolução Industrial aconteceu no século XVIII, período em que a máquina a vapor e o carvão mineral foram criados. Naquele século, muitos cientistas já imaginavam um futuro repleto de tecnologias, mas os impactos negativos de tal avanço não eram esperados.
Com o descobrimento do petróleo, anos após as Revoluções Industriais, o meio ambiente sentiu o peso das ações humanas. A contaminação da água e da camada atmosférica se intensificaram, degradando bens naturais importantíssimos para a sobrevivência humana.
Os impactos são tão intensos, que grandes cidades espalhadas pelo mundo adotaram medidas para reduzir a poluição.
Em Pequim, na China, por exemplo, a concentração de monóxido de carbono no ar é quatro vezes maior que em Londres, segundo dados de 2023. O país trava uma luta há anos contra a contaminação do ar, em busca de melhorar a qualidade de vida da sua população.
E os números não param por aí: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 99% da população mundial respira ar insalubre. Isso significa que toda a humanidade vive em condições de risco para a saúde, devido à poluição do meio ambiente.
Mas, na contramão das indústrias, surgiu o conceito ESG. A conduta busca o respeito e cuidado com a natureza, além de priorizar o bem-estar da sociedade e governar em prol de boas práticas no mundo.
Para entender um pouco mais sobre o que é ESG, leia a matéria completa!
O que é ESG?
ESG é uma sigla que representa o equilíbrio entre o investimento nos negócios e as boas práticas ambientais, sociais e de governança. O conceito tem crescido no mercado, diante do cenário alarmante que o mundo se encontra, com impactos quase irreversíveis no bem-estar da humanidade.
O avanço das indústrias nos últimos séculos foi de suma importância. Contudo, a falta de sustentabilidade e de participação social na gestão dos negócios impactou negativamente na natureza e na convivência coletiva.
O conceito ESG busca melhorar a condição atual do mundo, com serviços oriundos da sustentabilidade. Objetos recicláveis, por exemplo, são obras de empresas que acreditam no ESG e que adotam a medida como um modelo de negócio no mercado.
Por exemplo, em 2020, o C6 Bank lançou uma iniciativa baseada no conceito ESG. Por meio do app do banco, é possível saber quanto de carbono o consumidor gerou em determinado período.
A iniciativa permite reverter essas emissões por meio de créditos para o reflorestamento da Amazônia. O projeto é conhecido como Extrato de Carbono, e está disponível para todos os clientes do banco.
História da sigla ESG
Embora o ESG tenha ganhado força nos últimos anos, o conceito não é dos dias de hoje.
A publicação oficial da conduta aconteceu em 2004, e ficou conhecida como “Who Cares Wins”. Redigida pelo Banco Mundial em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), o documento nada mais foi do que uma provocação aos 50 CEOs das maiores instituições financeiras do mundo.
O propósito era disseminar a importância do investimento sustentável nos negócios, à medida que as empresas apenas visavam lucros no mercado.
Princípios e pilares do conceito ESG
Embora o ESG tenha ganhado destaque pela busca de medidas sustentáveis com o meio ambiente, a sigla representa também outros pilares. O bem-estar da sociedade e a boa governança dentro das empresas são parte dessa conduta.
Os pilares são divididos em:
- Ambiental: preservação do meio ambiente, combate à poluição e desmatamento, uso de energias renováveis, etc.;
- Social: inclusão de minorias, combate ao preconceito, criação de iniciativas sociais, respeito às leis trabalhistas, entre outros;
- Governança: transparência nas empresas, combate à corrupção, gestão de risco e muito mais.
A startup Maturi, por exemplo, é uma adepta da prática ESG. Seu negócio visa combater o etarismo no mercado de trabalho, oferecendo empregos para pessoas com mais de 50 anos. A iniciativa se encaixa no pilar “social”, incluindo minorias da sociedade.
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Importância do ESG para as empresas
A prática ESG nos negócios vai além da concordância com o mercado. A medida é importante para a sustentabilidade empresarial, gerando um diferencial competitivo diante das outras empresas no mercado.
Negócios que optam pelo pilar ambiental, por exemplo, podem desfrutar da redução de custos. Isso porque as boas práticas energéticas, a economia de recursos e a reciclagem diminuem gastos desnecessários dentro dos negócios.
Além disso, o ESG é importante, pois permite a criação de produtos ou serviços únicos e com apelo sustentável. A visibilidade de uma mercadoria com esse caráter pode aumentar a receita da empresa, sendo um investimento lucrativo e com boas práticas no mercado.
Vale destacar que as empresas compactuadas com o ESG também se beneficiam da gestão de riscos. Ao levar em consideração questões ambientais, sociais e de governança, os negócios mitigam possíveis situações problemáticas.
Como investir em ESG?
A primeira etapa para investir na conduta ESG é o mapeamento dos principais serviços e como eles são desenvolvidos. Um escritório de advocacia, por exemplo, pode eliminar o uso de papéis na sua rotina e optar pelos documentos eletrônicos.
Embora a mudança pareça pequena, a redução dos materiais oriundos do meio ambiente tem um impacto menor no desmatamento e diminui o custo com itens dispensáveis.
Quando o empresário entende a forma como o serviço é elaborado, cabe também investigar se a produção ou desenvolvimento impactam em algum pilar do ESG. Se sim, é importante que o negócio revise o método de criação do produto ou serviço e reformule-o.
Outro exemplo prático são as empresas de maquiagem com poucos tons de base para a pele. Marcas que não oferecem variedades para pessoas negras infringem o tópico social do ESG, sendo necessário rever a cartela de cores e atender à inclusão étnica.
Com a reformulação do principal serviço, a próxima etapa é rever a conduta da empresa. A identidade do negócio deve mostrar concordância com o ESG não só nos seus produtos, mas também na rotina empresarial.
Negócios que vendem produtos baseados em questões sustentáveis, sociais e de governança, mas que não seguem o ESG no dia a dia, são os falsos adeptos do conceito. É importante que o empresário faça da sustentabilidade empresarial uma vivência, e não mais uma forma de lucrar sobre novas iniciativas do mercado.
Como preparar a sua empresa para o ESG?
A adoção da cultura ESG não pode acontecer repentinamente. Todos os funcionários, stakeholders e parceiros do negócio devem ser avisados e devidamente treinados a respeito da nova visão.
A preparação não pode faltar nesta etapa. Para isso, os stakeholders, em parceria com os times de Recursos Humanos, devem elaborar treinamentos que expliquem o que é ESG e qual a sua importância para o mundo. Além disso, é essencial que deixem claro como vai funcionar a nova prática na rotina da empresa.
É fundamental que o negócio respeite a curva de aprendizagem dos seus colaboradores. Toda transição leva tempo e precisa de um prazo para que se finalize por completo.
Vantagens de ser uma empresa ESG
As empresas que optam pelo ESG têm vantagens em comparação a outros negócios. Apesar do seu conceito principal não estar relacionado com o destaque no mercado, a visibilidade que os negócios ganham pode ser bastante benéfica.
Entenda quais são as vantagens de empresas que adotam o ESG:
- Aumento de receita;
- Redução de custos;
- Gestão de risco;
- Concordância com o mercado;
- Destaque com iniciativas sustentáveis.
Cenário de ESG no Brasil
O cenário do ESG no Brasil é bastante promissor. Números mostram que, de janeiro a abril de 2024, os fundos de investimentos em empresas com esse conceito totalizaram R$ 12,8 bilhões de reais. Em comparação a 2022, houve um crescimento de R$ 4,5 bilhões.
A discussão sobre o ESG tem crescido não só entre os empresários, como também entre os consumidores. As pessoas estão buscando por serviços sustentáveis, que estejam de acordo com boas práticas sociais e de governança para confiar na compra de um produto.
A mudança no comportamento do consumidor está ligada a diversos fatores: preocupação com o bem-estar da sociedade, com o futuro da humanidade e até mesmo um novo comportamento consumidor.
O que se enxerga no Brasil atual é uma preocupação com o futuro do país, tendo em vista questões que envolvem ações sustentáveis e sociais. A cobrança nas redes sociais é um reflexo disso, sendo muito comum que usuários cobrem posicionamento das empresas diante de várias situações.
Nas enchentes que aconteceram no Rio Grande do Sul, por exemplo, muitos usuários cobraram o posicionamento das empresas que não se manifestaram diante da situação. Isso mostra que, cada vez mais, a população exige que os negócios ajam socialmente e que sejam ativos em causas sustentáveis.
Como identificar empresas ESG?
Para saber se uma empresa é considerada ESG, o consumidor precisa procurar pelos “Ratings ESG”. Essa é uma avaliação que aponta o nível de comprometimento do negócio com os três pilares da cultura ambiental, social e de governança.
No Brasil, existem agências especializadas, que realizam a pesquisa e que divulgam os resultados para os consumidores. A avaliação pode ser usada pela empresa como um selo de qualidade, a fim de comprovar o comprometimento com as boas práticas do mercado.
Mas, caso o negócio não tenha passado pela avaliação de agências especialistas, o consumidor pode observar alguns critérios:
- Como o produto ou serviço é elaborado pelo negócio?
- O produto ou serviço é acessível para todos?
- A avaliação dos funcionários em plataformas como LinkedIn e GlassDoor é positiva?
- A empresa está passando por algum processo de grande notoriedade na justiça?
- Existe comprometimento da empresa com causas sustentáveis e sociais?
Com esses cinco critérios básicos, o consumidor pode avaliar previamente se a empresa é adepta ou não do conceito ESG.
Conclusão
O conceito ESG é o novo futuro do mercado. Embora tenha surgido há bastante tempo, seu alcance ganhou destaque nos últimos anos, e está presente nas empresas do mundo inteiro.
É importante que os negócios estejam a par dessa cultura para o desenvolvimento de um futuro sustentável, seja no âmbito ambiental ou social. Ancorados neste conceito, empresários vêem benefícios não só nos lucros, mas também em um futuro para a humanidade.
Para empresas que ainda não estão adequadas ao ESG, os passos mais importantes para introduzir essa nova visão de negócio são:
- Rever a forma como o produto/serviço é desenvolvido;
- Revisar o modelo de negócio;
- Se “relançar” no mercado.
Mesmo que a cultura ESG esteja distante da realidade do negócio, o investimento vale a pena. A transição entre um estilo e outro pode trazer benefícios infinitos, que não estão relacionados apenas a valores monetários.
Modelos de negócio pouco sustentáveis estão perdendo força no mercado. Por isso, quanto mais por dentro da sustentabilidade o negócio estiver, maior é a concordância com o que torna uma empresa competitiva.
Aproveite que você leu o texto até aqui e entenda também os insights sobre governança, riscos e compliance para uma empresa.
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